Jovem leva bebê reborn ao posto de saúde e gera polêmica nacional; deputados propõem leis sobre o tema

 

Bonecos reborn são feitos com riqueza de detalhes e usados para apoio emocional por muitas pessoas.


"Caso ocorrido em Minas Gerais levanta debate sobre saúde mental, uso de recursos públicos e vínculos afetivos com bonecos hiper-realistas."

Um episódio inusitado ocorrido recentemente em Minas Gerais ganhou repercussão nacional e provocou reações no meio político e na sociedade civil. Uma adolescente de 17 anos levou um bebê reborn — boneco hiper-realista que imita um recém-nascido — a uma unidade de saúde pública, alegando que o “bebê” estava com febre. A atitude mobilizou uma equipe médica, que ao perceber que se tratava de um boneco, ficou surpresa com a situação.

O caso gerou intenso debate nas redes sociais e chamou a atenção do legislativo mineiro. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) protocolou o Projeto de Lei nº 3.757/2025, que visa proibir o atendimento de bonecos e objetos inanimados em hospitais e postos de saúde públicos do estado. Segundo a proposta, quem descumprir a regra poderá ser multado em até dez vezes o custo do serviço mobilizado.

Caporezzo classificou o ato como um "delírio institucional" e disse que “os devaneios da sociedade contemporânea colocam em risco o povo mineiro”. A medida propõe que os valores arrecadados com as multas sejam destinados ao tratamento de pessoas com transtornos mentais.

Propostas alternativas e acolhimento psicológico

Enquanto Minas Gerais busca restringir o uso dos serviços públicos para casos como esse, no Rio de Janeiro a abordagem tem sido mais voltada para o acolhimento. O deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil) apresentou o Projeto de Lei nº 5.357/2025, que propõe a criação de um programa de saúde mental voltado para pessoas que desenvolvem vínculos afetivos com bebês reborn. A proposta prevê equipes formadas por psicólogos, terapeutas e assistentes sociais, com foco em acolhimento, prevenção ao suicídio e tratamento emocional.

Ainda no Rio, a Câmara Municipal aprovou o Projeto de Lei nº 1.892/2023, que institui o “Dia da Cegonha Reborn”, comemorado em 4 de setembro. A data homenageia as artesãs que produzem esses bonecos — chamadas de “cegonhas” — e reconhece o valor terapêutico e artístico dos reborns.

O que são os bebês reborn?

Os bebês reborn são bonecos ultrarrealistas criados artesanalmente com detalhes minuciosos como pele, veias, marcas e até cabelos implantados fio a fio. Eles são utilizados por colecionadores, mães que sofreram perdas gestacionais, pessoas com quadros depressivos ou ansiosas, e até em terapias para idosos com Alzheimer.

Embora sejam, em muitos casos, instrumentos de apoio emocional e psicológico, o uso dos reborns em contextos como hospitais levanta preocupações sobre a linha tênue entre afeto simbólico e transtornos psíquicos não diagnosticados.

Reflexão social e equilíbrio nas políticas públicas

O caso da jovem mineira revela uma realidade silenciosa: muitas pessoas enfrentam dores emocionais profundas e, por falta de apoio, acabam canalizando sentimentos para objetos simbólicos. Ao mesmo tempo, o uso indevido de recursos públicos deve ser evitado, especialmente em um sistema de saúde já sobrecarregado.

Especialistas defendem que o debate deve ser conduzido com sensibilidade, equilíbrio e empatia, buscando políticas públicas que ofereçam acolhimento psicológico, sem abrir brechas para o uso irracional de serviços essenciais.

O Brasil começa a discutir de forma mais ampla os vínculos afetivos com objetos e as consequências disso na vida cotidiana. O desafio é não criminalizar nem ridicularizar quem recorre a essas práticas, mas, sim, oferecer suporte adequado, diagnóstico, e orientação — tanto no campo da saúde quanto da legislação.

Enquanto isso, o caso da adolescente mineira continua sendo um alerta sobre a importância da saúde mental, da empatia e da responsabilidade coletiva com o uso de bens públicos.

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