"Atlas da Violência 2025 revela aumento alarmante nas mortes femininas e escancara desigualdades raciais e regionais na violência de gênero."
O número de mulheres assassinadas no Brasil voltou a crescer, revelando um cenário sombrio e persistente de violência de gênero. De acordo com o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 3.903 homicídios femininos no último ano — um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior, o equivalente a 97 mortes a mais.
Os dados revelam que, por trás dos números, há um recorte cruel: 68,2% das vítimas eram mulheres negras, o que equivale a 2.662 assassinatos. A taxa de homicídio para esse grupo é de 4,3 por 100 mil habitantes, quase o dobro da registrada entre mulheres não negras (2,5), evidenciando o peso do racismo estrutural na violência contra a mulher no Brasil.
As regiões Norte e Amazônica concentram as maiores taxas de homicídios femininos. Roraima lidera o ranking, com uma taxa de 10,4 mortes por 100 mil mulheres, seguida por Amazonas e Rondônia, ambas com 5,9. O estudo aponta que essas áreas são marcadas por conflitos fundiários, pobreza extrema, exploração econômica e ausência de políticas públicas, o que potencializa a vulnerabilidade das mulheres.
O Atlas da Violência também detalha as formas de agressão sofridas por mulheres em diferentes fases da vida. Em meninas de 0 a 9 anos, a negligência lidera os registros (49,5%). Já entre 10 e 14 anos, a violência sexual responde por 45,7% dos casos. A partir dos 15 até os 69 anos, predominam as agressões físicas. Entre mulheres com mais de 70 anos, a negligência volta a ser a principal violência identificada.
Outro dado alarmante é o perfil dos agressores: em 66,9% dos casos registrados nos serviços de saúde, as vítimas relataram episódios anteriores de violência doméstica, quase sempre cometida por homens próximos ou parceiros.
Os números do Atlas 2025 são um grito silencioso, que exige resposta urgente do Estado e da sociedade. Especialistas reforçam a necessidade de políticas públicas interseccionais, com foco em raça, gênero e território, e ações eficazes de prevenção, acolhimento e proteção. A cada mulher silenciada, uma sociedade inteira adoece — e o tempo para agir está se esgotando.
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