Do Medo à Tragédia: Como o Abuso Continua Silencioso no Brasil

 

Foto: Cidades em Evidência 

Apesar de avanços nas leis de proteção, no debate público e no empoderamento feminino, milhares de mulheres ainda permanecem em relacionamentos abusivos. No Piauí e Maranhão, a cada semana, casos de violência doméstica chegam às delegacias, mas o número de denúncias não reflete a dimensão real do problema. O silêncio, muitas vezes, custa caro — e pode terminar em tragédia.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 1.400 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2024 no país, um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior. No entanto, especialistas afirmam que a violência começa muito antes da agressão física: o ciclo envolve controle psicológico, chantagens emocionais e dependência econômica.

A psicóloga clínica Ana Beatriz Moura explica que a permanência em um relacionamento abusivo está ligada a múltiplos fatores:

  • Dependência financeira: muitas mulheres não têm renda própria ou temem não conseguir sustentar os filhos.
  • Manipulação emocional: o agressor alterna momentos de violência com pedidos de desculpa e promessas de mudança.
  • Medo de retaliação: deixar o relacionamento pode significar aumentar o risco de agressão ou até de morte.
  • Pressão social e religiosa: ainda é forte o estigma contra a mulher separada, principalmente em comunidades menores.

“Essas mulheres não são fracas, como muitos pensam. Elas estão presas em uma rede de violência complexa, que envolve medo, vergonha e falta de apoio. O primeiro passo é acolhê-las, não julgá-las”, destaca a especialista.

A história de Amanda Caroline, de 32 anos, chocou o país em maio de 2025. Após 16 anos de relacionamento marcado por agressões e abusos, ela desapareceu no dia 17 e foi encontrada morta 12 dias depois, no rio Tietê, em Santana de Parnaíba (SP).

O ex-marido, pai de seus três filhos, confessou o crime. Ele foi preso em flagrante e responde por feminicídio e ocultação de cadáver. Pouco antes de morrer, Amanda havia relatado a uma prima que sofria violência constante, mas nunca registrou boletim de ocorrência nem solicitou medida protetiva.

Casos como o de Amanda mostram que, por trás de cada estatística, existem vidas interrompidas por um ciclo de violência que poderia ter sido evitado. Seu silêncio não foi escolha, mas resultado de medo, dependência e falta de acolhimento.

No Brasil, existem diversos serviços de apoio:

  • Central 180 – canal nacional de denúncias e orientações.
  • Delegacias Especializadas da Mulher – presentes em várias cidades do Piauí e Maranhão.
  • Abrigos e casas de apoio – para acolhimento emergencial.
  • ONGs e coletivos feministas – oferecem suporte jurídico, psicológico e social.

Além disso, especialistas reforçam a importância da rede comunitária: vizinhos, familiares e amigos podem ser fundamentais para identificar sinais e apoiar a vítima.

Enquanto o medo, a vergonha e a falta de apoio impedirem mulheres de denunciar, o ciclo da violência continuará se repetindo. Mais do que leis, é preciso criar uma rede de acolhimento real. A luta não é apenas delas — é de toda a sociedade.

📌 Caso real baseado no feminicídio de Amanda Caroline, ocorrido em maio de 2025.


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