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Lucas da Rocha Lima está foragido após ser alvo de mandado de prisão na Operação Reset, que apura prejuízo de mais de R$ 500 mil aos cofres públicos. (Foto: Reprodução/G1) |
O ex-gerente de Gestão de Trânsito da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Teresina (Strans), Lucas da Rocha Lima, está sendo procurado pela Polícia Civil do Piauí após não ter sido localizado durante o cumprimento de mandado de prisão temporária na Operação Reset, deflagrada na segunda-feira (22/07) pelo Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR). Lucas também é alvo de dois mandados de busca e apreensão.
A investigação revela um esquema de cancelamento irregular de 1.628 multas de trânsito entre os meses de fevereiro e junho de 2024, período em que Lucas exercia cargo comissionado durante a gestão do então superintendente Bruno Pessoa, sobrinho do ex-prefeito Dr. Pessoa.
De acordo com o relatório da Polícia Civil, os atos de Lucas resultaram em prejuízo superior a R$ 367 mil, o que representa 73% do total das multas anuladas indevidamente. Além da perda financeira, as ações resultaram na exclusão de mais de 9 mil pontos de prontuários de motoristas infratores.
As irregularidades incluíram 419 cancelamentos realizados fora do horário de expediente e 49 sem qualquer solicitação formal registrada, levantando fortes indícios de fraude e uso indevido do sistema da Strans.
A polícia apurou que, além de liderar o esquema, Lucas também teria anulado multas de aliados e superiores hierárquicos. Um dos beneficiados foi o ex-superintendente Bruno Pessoa, que teve cancelada uma multa por estacionamento irregular aplicada ao seu veículo, um VW Taos, em maio deste ano.
Outro caso citado envolve o então gerente de fiscalização da Strans, Daniel Lima Araújo, cuja esposa foi autuada por não usar cinto de segurança. A infração foi anulada dois meses após a emissão, por ação direta de Lucas da Rocha Lima.
Bruno Pessoa e Daniel Araújo foram alvos de medidas cautelares e deverão usar tornozeleiras eletrônicas, conforme decisão judicial.
O esquema foi identificado após relatório da nova gestão da Strans, sob o comando do coronel Edvaldo Marques, ser entregue ao DECCOR. A análise revelou um esquema sistemático de anulação de infrações, conduzido por Lucas com o apoio de dois servidores terceirizados, que não foram alvos de medidas cautelares por colaborarem com as investigações.
Segundo os depoimentos, os terceirizados atuavam sob ordens diretas de Lucas e tentaram se afastar do setor ao perceberem a irregularidade, mas teriam sido impedidos pelos superiores.
O relatório final da investigação aponta que o prejuízo total ultrapassa R$ 503 mil. A exclusão das infrações permitiu que veículos permanecessem com documentação em dia, mesmo após cometerem infrações, impedindo sua apreensão durante fiscalizações.
Para a Polícia Civil, essas ações obstruíram diretamente o trabalho das forças de segurança e beneficiaram indevidamente um grupo restrito de motoristas, ligados à antiga gestão da Strans.
Durante entrevista coletiva, o delegado Ferdinando Martins, titular do DECCOR, confirmou que Lucas da Rocha Lima está foragido.
“Agora a gente vai analisar o material apreendido, os eletrônicos arrecadados e tentar identificar essas ordens, o relacionamento desse grupo, para aprofundar os trabalhos. E se for oportuno, instaurar um novo inquérito para identificar a dinâmica”, afirmou o delegado.
A Operação Reset segue em andamento com a análise dos documentos e aparelhos eletrônicos apreendidos. Novas medidas podem ser adotadas a partir das descobertas.
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