Dia Mundial do Orgasmo: prazer, saúde e liberdade — por que falar sobre orgasmo ainda é um tabu em pleno 2025

Celebrado em 31 de julho, o Dia do Orgasmo é mais do que uma data curiosa: é uma oportunidade para refletir sobre saúde sexual, autoconhecimento e a quebra de silêncios que ainda cercam o corpo feminino

Falar sobre prazer sexual ainda é desconfortável para muita gente. Em especial quando o assunto é o orgasmo feminino, um dos maiores tabus da sociedade contemporânea. Embora o tema venha ganhando espaço nas redes sociais, rodas de conversa e até no entretenimento, ele ainda é tratado com culpa, vergonha ou piadas, principalmente em ambientes mais conservadores.

É por isso que o Dia Mundial do Orgasmo, celebrado anualmente em 31 de julho, se torna uma data tão simbólica e necessária. Criada no Reino Unido, no final dos anos 1990, por iniciativa de redes de sex shops e empresas do mercado erótico, a proposta era simples: promover o debate aberto sobre o prazer sexual e incentivar o autoconhecimento do corpo — especialmente entre as mulheres, que historicamente foram silenciadas nesse campo.

Ao longo dos anos, a ideia ganhou força e se espalhou para diversos países. Hoje, a data é marcada por campanhas educativas, discussões nas redes sociais, ações de saúde pública e iniciativas que buscam quebrar o tabu sobre um dos aspectos mais naturais e poderosos da sexualidade humana: o orgasmo.

O que é o orgasmo e por que ele importa?

O orgasmo é a culminância do prazer sexual. Em termos fisiológicos, é uma série de contrações musculares involuntárias que ocorrem, geralmente, acompanhadas de uma intensa sensação de bem-estar. Mas sua importância vai muito além do campo físico: o orgasmo está diretamente relacionado à saúde mental, emocional, afetiva e até imunológica.

Segundo especialistas, durante o orgasmo o corpo libera uma combinação de substâncias químicas como endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina — os chamados “hormônios da felicidade” —, que provocam alívio do estresse, sensação de relaxamento e conexão emocional com o outro.

Além disso, pesquisas indicam que o orgasmo contribui para:

  • Melhora do sono
  • Alívio de dores crônicas (como cólicas menstruais e dores de cabeça)
  • Redução de sintomas de ansiedade e depressão
  • Fortalecimento da autoestima
  • Prevenção de doenças cardiovasculares

“Falar de orgasmo é falar de saúde. O prazer sexual não é luxo, é um direito do corpo e da mente. E, infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que marginaliza o prazer feminino, enquanto naturaliza o prazer masculino”, afirma a psicóloga e terapeuta sexual Helena Monteiro.

A realidade por trás do orgasmo feminino

Apesar de ser uma função biológica natural, milhões de mulheres em todo o mundo nunca experimentaram um orgasmo. Os dados assustam. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), por meio do projeto ProSex, revelou que 33% das mulheres brasileiras afirmam nunca ter atingido o orgasmo. No Reino Unido, pesquisa semelhante identificou que até 80% das mulheres relatavam insatisfação sexual frequente.

Esses números expõem uma realidade chamada por especialistas de "orgasm gap" — ou “lacuna do orgasmo” —, que revela a diferença entre a experiência do prazer entre homens e mulheres nas relações sexuais heterossexuais. O motivo? Uma combinação de fatores culturais, psicológicos, educacionais e relacionais.

“Durante décadas, as mulheres foram ensinadas a servir, a agradar, a não se tocar. O corpo feminino foi socialmente controlado, silenciado e erotizado apenas sob a ótica do outro. Isso cria um abismo no qual o prazer feminino vira exceção, quando deveria ser regra”, explica a sexóloga Karina Góis.

Falta de autoconhecimento: o principal vilão

A ausência de orgasmo não tem, na maioria dos casos, relação com questões físicas. Na verdade, o maior obstáculo ainda é o desconhecimento do próprio corpo e a ausência de diálogo sobre desejos e limites.

“Muitas mulheres chegam ao consultório sem nunca terem se tocado, sem saber onde está o clitóris, sem conseguir verbalizar o que gostam. E, em muitos casos, foram educadas para sentir culpa do prazer”, diz a terapeuta Gabriela Dias.

Nesse contexto, o autoconhecimento se torna o primeiro e mais essencial passo para a conquista do prazer. Conhecer a anatomia genital, entender os próprios gatilhos de excitação, praticar a masturbação sem vergonha e construir relações baseadas na comunicação são ferramentas fundamentais para se libertar da repressão e alcançar o prazer pleno.

O papel da educação sexual e da liberdade de falar

O silêncio sobre sexualidade é também um problema estrutural. Nas escolas, o tema ainda é abordado de forma superficial — quando é abordado. Nas famílias, o assunto é, em geral, ignorado ou tratado com moralismo. Na mídia, o prazer feminino é, muitas vezes, romantizado ou fetichizado.

“Educar para o prazer é educar para o respeito. Quando uma menina aprende desde cedo que seu corpo é digno de cuidado e prazer, ela cresce mais consciente, mais empoderada e menos vulnerável a relações abusivas”, afirma a pedagoga e ativista Mariana Borges.

É nesse ponto que o Dia Mundial do Orgasmo entra como uma poderosa ferramenta de transformação social. Ele nos convida a falar, ouvir, refletir e aprender. E mais do que isso: a desconstruir tabus e resgatar o prazer como um direito, não como um luxo.

Um convite à liberdade

Celebrar o Dia Mundial do Orgasmo não é sobre pornografia, exageros ou marketing. É sobre saúde, autonomia e dignidade. É sobre olhar para o corpo sem vergonha, para o desejo sem culpa e para o prazer sem medo.

Neste 31 de julho, o Portal Cidades em Evidência convida você a participar desse diálogo com maturidade e respeito. Afinal, viver uma vida plena é também viver uma sexualidade consciente, saudável e feliz.

E você? Já conversou com você mesma hoje? Já se permitiu sentir prazer sem culpa? Já olhou para o seu corpo com carinho? Que este seja um ponto de partida para uma nova relação com você mesma — mais livre, mais inteira, mais feliz.

Participe do nosso espaço de diálogo!

Você já conhecia o Dia Mundial do Orgasmo?
Acredita que as mulheres estão sendo mais incentivadas a falar sobre prazer?

Comente, compartilhe essa matéria e nos diga: qual tabu você gostaria de desconstruir hoje?


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