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Pesquisadores revelam subnotificação e alta prevalência em regiões do país, com risco de epidemia fora de controle. |
O Brasil enfrenta um cenário preocupante com o avanço do HIV, segundo um estudo recente realizado pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde. A pesquisa, que envolveu mais de 8 mil pessoas na Região Metropolitana de Porto Alegre, revelou uma prevalência de HIV de 1,64% — número 64% superior ao limite de controle estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 1%.
A descoberta levanta o alerta para uma possível epidemia silenciosa da doença no país, causada principalmente pela subnotificação de casos, pela ausência de sintomas em estágios iniciais da infecção e pela falta de testagem ativa em larga escala.
A pesquisa, considerada uma das mais amplas já realizadas sobre HIV no Brasil, demonstrou que a testagem ativa em comunidades pode revelar uma realidade muito diferente da apresentada pelos dados oficiais, que são baseados apenas em notificações espontâneas feitas por unidades de saúde.
Esse índice elevado indica que muitos brasileiros estão vivendo com HIV sem saber, contribuindo involuntariamente para a transmissão do vírus. Entre os grupos mais afetados estão pessoas negras, com baixa escolaridade e renda, e adultos entre 30 e 59 anos — justamente aqueles com menor acesso a informações e campanhas de prevenção.
Especialistas alertam que a subnotificação é um dos principais obstáculos para o controle da doença. A maioria dos dados utilizados para políticas públicas de saúde são coletados a partir de registros em hospitais e postos de saúde, o que exclui pessoas que não têm acesso regular ao sistema.
Outro fator que contribui para o avanço silencioso do HIV é o estigma social, que afasta indivíduos do diagnóstico e tratamento. Segundo levantamento nacional divulgado em maio de 2025, 52,9% das pessoas que vivem com HIV no Brasil já sofreram algum tipo de discriminação, inclusive em serviços de saúde.
Estudos internacionais e nacionais também revelam um crescimento do número de infecções em pessoas com mais de 50 anos. Apesar disso, campanhas de prevenção ainda são fortemente voltadas para os jovens, ignorando uma parcela da população que, embora ativa sexualmente, não se considera em risco.
“O HIV não escolhe idade, cor ou classe social. Precisamos ampliar o foco das campanhas e da testagem para toda a população, especialmente os grupos historicamente negligenciados”, afirma a médica infectologista Eliana Wendland, uma das coordenadoras da pesquisa.
Com o risco de uma nova epidemia, especialistas defendem a ampliação da testagem em massa, principalmente em regiões mais vulneráveis. O uso da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), distribuída gratuitamente pelo SUS, também é apontado como uma ferramenta eficaz para frear novas infecções.
Além disso, estratégias inovadoras como o uso de medicamentos de longa duração — como o lenacapavir, recentemente aprovado nos EUA — podem aumentar a adesão ao tratamento, especialmente entre pessoas que enfrentam dificuldades para manter o uso diário de antirretrovirais.
- Procure regularmente os serviços de saúde para testagem gratuita de HIV e outras ISTs.
- Informe-se sobre a PrEP e converse com profissionais da atenção básica.
- Combata o estigma: falar sobre HIV é um passo importante para a prevenção.
- Apoie campanhas de conscientização em sua comunidade, escola ou ambiente de trabalho.
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