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A distância entre os salários da classe política e os ganhos da classe trabalhadora escancara a face de um Brasil profundamente desigual. Enquanto deputados, senadores, prefeitos, vereadores e outros agentes públicos acumulam salários e benefícios que chegam a ultrapassar os R$ 100 mil por mês, o trabalhador brasileiro tenta sobreviver com um salário mínimo de R$ 1.502. Uma diferença que não é apenas vergonhosa, mas também uma afronta à dignidade da população.
Salários milionários e privilégios sem fim: a farra com dinheiro público
É fato: quem faz as leis no Brasil faz para si. A própria classe política é responsável por votar seus salários, reajustes e benefícios. E fazem isso sem qualquer constrangimento. Atualmente, um deputado federal ou senador recebe um salário base de R$ 44.008,52, sem contar as dezenas de auxílios, como auxílio-moradia, auxílio-transporte, verba de gabinete, passagens aéreas e planos de saúde de padrão internacional.
Em muitos casos, a remuneração total de um parlamentar pode ultrapassar facilmente os R$ 100 mil por mês, custeados integralmente pelos impostos pagos pela população.
Enquanto isso, o trabalhador brasileiro, que acorda antes do sol nascer e enfrenta jornadas exaustivas, recebe R$ 1.502, valor insuficiente para garantir alimentação, moradia, transporte, educação e saúde. Um salário que, segundo o próprio Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), deveria ser de pelo menos R$ 7.230,00 para atender às necessidades básicas de uma família com quatro pessoas.
Brasil: um país projetado para ser desigual
Essa realidade não é fruto do acaso. É, na verdade, a consequência direta de um modelo de poder que sempre privilegiou as elites políticas e econômicas em detrimento da maioria da população.
O Brasil é, historicamente, um dos países mais desiguais do mundo. Uma nação onde a maior parte da arrecadação vem de impostos pagos pelos mais pobres, enquanto grandes fortunas, dividendos e lucros de milionários seguem isentos ou com cargas simbólicas.
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Classe política vive em uma bolha fora da realidade
Os representantes do povo estão, na prática, completamente desconectados da vida real. Não usam transporte público, não enfrentam filas em hospitais, não sabem quanto custa um litro de óleo ou um pacote de arroz. Governam de dentro de gabinetes refrigerados, rodeados de assessores, mordomias e regalias bancadas com dinheiro público.
Enquanto o trabalhador precisa escolher entre pagar o aluguel ou comprar comida, políticos recebem auxílio-moradia mesmo possuindo imóvel próprio na cidade onde trabalham.
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A quem interessa essa desigualdade?
A manutenção desse modelo beneficia quem está no topo da pirâmide: a classe política, empresários bilionários, bancos e corporações que lucram com a exploração da mão de obra barata e com uma carga tributária que penaliza o pobre e protege o rico.
Essa lógica cruel é alimentada pela desinformação, pelo desinteresse político que foi implantado culturalmente no povo e pela falta de reformas estruturais que poderiam reduzir a desigualdade, como a reforma tributária justa, a taxação de grandes fortunas e a revisão dos privilégios no setor público.
Até quando o povo vai suportar?
O Brasil precisa, urgentemente, de um levante consciente. Não se trata de ideologia, partido ou lado político. Trata-se de dignidade, de respeito ao trabalhador, de justiça social.
O trabalhador brasileiro não pode mais aceitar viver de migalhas enquanto financia uma máquina pública inchada, privilegiada e desconectada da realidade.
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Um grito por justiça social
Enquanto o povo não acordar, a farra dos políticos vai continuar. O Brasil não é um país pobre. O Brasil é um país roubado diariamente pela desigualdade institucionalizada, pela corrupção estrutural e por um sistema que escolheu privilegiar poucos e condenar muitos à pobreza.
O povo brasileiro merece respeito. E isso começa com um salário digno, uma distribuição justa da riqueza e o fim dos privilégios que sustentam uma elite política e econômica às custas da miséria de milhões.
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