"O solo abriu: cidade no Maranhão entra em colapso com avanço de voçorocas gigantes"

 

Buriticupu (MA) enfrenta colapso ambiental com avanço das voçorocas: Estado de calamidade é decretado e famílias vivem em risco

A cidade de Buriticupu, localizada no oeste do Maranhão, enfrenta uma das mais graves crises ambientais de sua história recente. A intensificação das voçorocas — grandes erosões que rasgam o solo urbano e rural — obrigou o município a decretar estado de calamidade pública, colocando centenas de famílias em situação de vulnerabilidade extrema.

Estado de calamidade pública e ameaça à população

Em 11 de fevereiro de 2025, a Prefeitura de Buriticupu oficializou, por meio do Decreto nº 002/2025, o estado de calamidade pública. A medida foi motivada pelo avanço incontrolável das voçorocas, que já somam 26 formações ativas, algumas com até 80 metros de profundidade e cerca de 7 km de extensão. Os bairros mais afetados incluem Caeminha, Centro, Vila Isaías, Santos Dumont, Eco Buriti, Terra Bela, Sagrima e Terceira Vicinal.

A estimativa da Defesa Civil aponta que mais de 1.200 pessoas em pelo menos 250 imóveis vivem sob risco direto de desabamento.

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Entenda o que são as voçorocas e como surgiram

As voçorocas são formações erosivas de grandes proporções que ocorrem quando o solo, desprotegido por vegetação e mal manejado, entra em colapso com a ação das chuvas. Em Buriticupu, o problema se agravou por conta do desmatamento ocorrido nas décadas de 1990 e 2000, associado à extração predatória de madeira e à expansão urbana desordenada.

Além do tipo de solo (arenoso, siltoso e argiloso), o município não conta com sistemas de drenagem pluvial eficientes, o que contribui para o agravamento das erosões.

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Medidas emergenciais da prefeitura e apoio federal

O decreto municipal autorizou a remoção imediata de famílias residentes em áreas críticas e a utilização de propriedades particulares para ações emergenciais, com previsão de indenização. O governo federal reconheceu a calamidade no município e, em resposta, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional destinou R$ 32,9 milhões para obras de drenagem e contenção.

A Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) coordena um projeto técnico de diagnóstico, com previsão de seis meses para entrega de um mapeamento detalhado.

Justiça determina providências e novas ações estão em andamento

Atendendo a uma ação do Ministério Público do Maranhão, a Justiça determinou que a prefeitura delimite e sinalize as áreas de risco, atualize o cadastro de moradores afetados e elabore um plano de obras emergenciais. Imagens de satélite estão sendo utilizadas para monitoramento do avanço das erosões.

Recentemente, um grave incidente acendeu o alerta: uma jovem caiu em uma das crateras no bairro Eco Buriticupu e só foi resgatada com vida graças à intervenção rápida do Corpo de Bombeiros.

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Desafio permanente: especialistas alertam para o risco irreversível

Segundo especialistas, as voçorocas já formadas são, na prática, impossíveis de serem eliminadas. A solução passa pela contenção do avanço e pela prevenção de novas formações por meio de infraestrutura urbana adequada, reflorestamento e educação ambiental.

A população local convive com o medo constante de perder suas casas ou até suas vidas, diante de um problema ambiental de proporções gigantescas e de alta complexidade técnica.


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