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Foto: depositphotos.com |
Dados oficiais revelam que 12 estados brasileiros têm mais beneficiários do Bolsa Família do que empregados formais; todos estão nas regiões Norte e Nordeste
O Piauí está entre os 12 estados brasileiros em que o número de beneficiários do programa Bolsa Família supera a quantidade de trabalhadores com carteira assinada na iniciativa privada. Os dados, divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no dia 28 de maio de 2025, escancaram a desigualdade social persistente na região.
Número de famílias beneficiadas é 1,6 vez maior que o de empregos formais
Atualmente, o estado do Piauí registra 590.373 famílias atendidas pelo Bolsa Família, contra 368.971 empregos formais no setor privado. Isso representa uma média de 1,6 família beneficiária para cada trabalhador com carteira assinada no território piauiense.
Vale destacar que os dados do Caged consideram apenas empregos formais na iniciativa privada, excluindo servidores públicos e trabalhadores informais, o que acentua ainda mais o contraste com a ampla cobertura do programa social em regiões de maior vulnerabilidade.
Regiões Norte e Nordeste lideram o ranking da dependência social
Além do Piauí, outros 11 estados também apresentam esse cenário. Todos estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste. Veja os destaques:
- Maranhão – 1,2 milhão de famílias beneficiárias e 669 mil empregos formais
- Bahia – 2,57 milhões de beneficiários e 1,37 milhão de empregos
- Ceará – 1,5 milhão de beneficiários e 916 mil empregos
- Pará – 1,2 milhão de beneficiários e 738 mil empregos
- Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Amazonas, Acre e Rondônia completam a lista.
No extremo oposto está Santa Catarina, onde há 11 trabalhadores formais para cada beneficiário do Bolsa Família, evidenciando a disparidade entre as regiões do Brasil.
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Empregos crescem, mas pobreza ainda predomina
Desde o início do atual governo, em janeiro de 2023, o número de empregos formais no Brasil tem aumentado em ritmo superior ao de novos cadastros no Bolsa Família. No Piauí, esse avanço também é percebido, com destaque para os setores da construção civil, comércio e serviços.
Ainda assim, a pobreza estrutural e a informalidade persistem, principalmente nos municípios de pequeno porte e nas áreas rurais. Para muitas famílias, o programa federal continua sendo a única fonte de renda mensal.
Bolsa Família reformulado: mais exigências, mais benefícios
O relançamento do Bolsa Família, em 2023, trouxe mudanças importantes. O valor mínimo de R$ 600 por família foi mantido, com acréscimos de:
- R$ 150 por criança de até 6 anos
- R$ 50 por criança ou adolescente de 7 a 18 anos
- R$ 50 por gestante
Também foram retomadas condicionalidades como frequência escolar, vacinação obrigatória e pré-natal para gestantes, o que reforça o caráter de corresponsabilidade do programa.
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Desigualdade social exige mais que programas assistenciais
Especialistas apontam que os programas de transferência de renda são importantes, mas não substituem políticas públicas estruturantes, como investimentos em educação técnica, geração de emprego, infraestrutura e desenvolvimento regional.
O desafio do Piauí — e de boa parte do Norte e Nordeste — é transformar a dependência social em oportunidade de crescimento sustentável. A expansão de setores como o de energias renováveis, citada por órgãos de planejamento estadual, pode ser um caminho viável, mas depende de qualificação profissional e de parcerias público-privadas.
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