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Nos últimos dias, viralizou nas redes sociais a afirmação de que o Brasil teria perdido 94% da sua população de jumentos nos últimos 30 anos, gerando comoção e polêmica. Mas afinal, essa informação é verdadeira? A resposta é: não é fake news, mas precisa ser lida com cautela, pois se baseia em projeções e comparações específicas de dados que ainda não foram consolidados oficialmente.
O que dizem os dados oficiais?
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) e do Censo Agropecuário, o rebanho de jumentos no Brasil caiu consideravelmente nas últimas décadas:
- 1999: aproximadamente 1,37 milhão de jumentos
- 2011: cerca de 800 mil
- 2017: 376 mil
- 2021: estimados 105 mil
- Projeção para 2025: 78 mil animais (segundo projeções citadas em portais como FAO e Agrostat)
Esses números mostram uma redução expressiva. Com base nisso, sites de notícias divulgaram que o país "já perdeu" 94% da população de jumentos, comparando os dados de 1999 com as estimativas de 2025.
Contudo, especialistas explicam que esse tipo de conclusão é uma projeção, não um dado oficial finalizado. Logo, o número não pode ser tratado como uma verdade absoluta e imediata.
Por que isso é importante?
Embora o número de jumentos realmente esteja em queda — especialmente no Nordeste —, tratar estimativas como fatos consolidados pode induzir o público ao erro. O uso da expressão “já perdeu 94%” pressupõe um dado encerrado e oficial, o que ainda não aconteceu. Isso não caracteriza fake news intencional, mas pode ser interpretado como exagero ou desinformação se não houver contexto claro.
O que está por trás dessa queda?
Especialistas apontam várias causas para o declínio da população de jumentos no Brasil:
- Urbanização e mecanização agrícola, que reduziram o uso dos jumentos como força de trabalho no campo.
- Abate para exportação de peles, principalmente no estado da Bahia, onde há frigoríficos autorizados pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) via SIF – Serviço de Inspeção Federal.
- A demanda é puxada pela indústria chinesa de ejiao, um suplemento feito a partir do colágeno extraído da pele dos jumentos, usado na medicina tradicional asiática.
- Ausência de políticas públicas de preservação, contribuindo para o abandono e a redução acelerada da espécie.
Risco de extinção: alerta internacional
A ONG britânica The Donkey Sanctuary, referência mundial na proteção de jumentos, alerta que o Brasil pode caminhar para a extinção regional da espécie se medidas urgentes não forem tomadas. A entidade publicou um relatório alarmante intitulado "Under the Skin", destacando os impactos globais do comércio de peles de jumentos.
🔗 Relatório completo – The Donkey Sanctuary
- É verdade que o número de jumentos no Brasil caiu drasticamente nos últimos anos.
- A estimativa de 94% de perda é possível, dependendo do ano base usado na comparação (exemplo: 1999 x 2025).
- No entanto, afirmar que o Brasil "já perdeu" 94% da população pode ser impreciso, já que o dado de 2025 ainda é uma projeção, não oficializado pelo IBGE ou FAO.
- Portanto, não é fake news, mas a manchete exige contextualização e responsabilidade na sua divulgação.
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