Anvisa aprova Mounjaro para tratamento de obesidade e sobrepeso com comorbidades no Brasil

Foto: Reprodução 

Nova regulamentação já está em vigor e amplia o uso do medicamento da farmacêutica Eli Lilly, antes aprovado apenas para diabetes tipo 2

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (9) o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento de obesidade e sobrepeso com comorbidades. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e a norma entrou em vigor imediatamente, autorizando diferentes dosagens da caneta injetável já utilizada no controle do diabetes tipo 2.

A nova indicação representa um avanço importante na luta contra a obesidade, condição que atinge mais de 20% da população adulta brasileira, segundo dados do Ministério da Saúde. O Mounjaro agora poderá ser prescrito também para pacientes com índice de massa corporal (IMC) a partir de 30, ou a partir de 27 quando associado a doenças como hipertensão, colesterol alto, apneia do sono ou pré-diabetes.

Quem pode usar o Mounjaro

A nova norma da Anvisa determina que o medicamento pode ser prescrito para:

  • Adultos com IMC igual ou superior a 30 kg/m² (obesidade);
  • Adultos com IMC igual ou superior a 27 kg/m², desde que apresentem pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso corporal;
  • Sempre em associação a dieta hipocalórica e prática de atividade física regular.

A decisão é considerada um marco importante por especialistas em endocrinologia, pois o medicamento é o primeiro da sua classe com aprovação oficial para emagrecimento com base científica robusta, e não apenas para controle glicêmico.

Base científica: o que mostram os estudos clínicos

A aprovação foi baseada em dados do programa SURMOUNT, composto por sete estudos clínicos de fase 3 realizados em vários países, com mais de 20 mil participantes.

No estudo SURMOUNT-1, por exemplo, os resultados foram expressivos:

  • Perda média de 22,5% do peso corporal com a dose de 15 mg;
  • Participantes que utilizaram placebo perderam apenas 0,3% do peso;
  • Cerca de 40% dos pacientes perderam mais de 40% do peso inicial.

Outro estudo, o SURMOUNT-5, comparou a tirzepatida com a semaglutida (princípio ativo de medicamentos como Ozempic) e demonstrou que o Mounjaro pode ser até 47% mais eficaz na perda de peso.

Como o Mounjaro age no organismo

A tirzepatida é um duplo agonista dos hormônios GLP-1 e GIP, substâncias que atuam no controle da saciedade e do apetite. O medicamento ajuda o paciente a sentir menos fome, promovendo o emagrecimento gradual, além de contribuir para o controle glicêmico e da pressão arterial.

Segundo a farmacêutica Eli Lilly, a combinação de mecanismos proporciona resultados superiores a outras terapias injetáveis já conhecidas, aproximando-se, em alguns casos, da eficácia da cirurgia bariátrica.

Disponibilidade e preços no Brasil

O Mounjaro já está disponível nas farmácias brasileiras nas doses de 2,5 mg e 5 mg. As doses de 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg e 15 mg foram aprovadas, mas chegarão gradualmente ao mercado.

O preço pode variar conforme a dose:

  • 2,5 mg: entre R$ 1.406 e R$ 1.907;
  • 5 mg: entre R$ 1.760 e R$ 2.384.

O valor final depende da alíquota de ICMS de cada estado, e o medicamento já faz parte do Programa Lilly Melhor Para Você, que oferece descontos em redes conveniadas.

Regulação e controle de uso

A Anvisa anunciou que, a partir do dia 23 de junho, o Mounjaro passará a ter receita retida em duas vias, como forma de controle para evitar o uso indiscriminado. A decisão inclui também outros medicamentos da classe dos agonistas do GLP-1, como semaglutida e liraglutida.

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) manifestaram apoio à decisão da Anvisa, reforçando a importância do uso racional e acompanhado por profissionais de saúde.

Obesidade é desafio crescente no Brasil

A obesidade é considerada uma doença crônica e multifatorial, com impactos diretos sobre a saúde pública. No Brasil, mais de 50% da população adulta está acima do peso e cerca de 1 em cada 5 adultos é obeso, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde.

O avanço na regulamentação de medicamentos voltados ao emagrecimento é visto como um importante instrumento para enfrentar a epidemia da obesidade no país, desde que acompanhado de orientações médicas adequadas, mudanças no estilo de vida e apoio psicológico.

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