Adolescente de 17 anos é assassinada pelo ex-companheiro após suplicar por sua vida no interior do Piauí

Feminicídio de Sarah Denise Alves dos Santos, morta com tiro nas costas, expõe aumento alarmante de casos no estado e reforça alerta sobre violência de gênero

Foto: Reprodução 

BENEDITINOS (PI) – A adolescente Sarah Denise Alves dos Santos, de apenas 17 anos, foi assassinada com um tiro nas costas pelo ex-companheiro, Fábio Rodrigues Braga, de 35 anos, na noite do último dia 13 de julho, na localidade Lages, zona rural do município de Beneditinos, a 91 km de Teresina. O crime ocorreu nas imediações de um bar onde acontecia um jogo de futebol e foi presenciado por diversas testemunhas. Antes de ser executada, Sarah chegou a suplicar: “não atira em mim”, conforme relataram pessoas que estavam no local.

O caso causou comoção em todo o estado e reacendeu o debate sobre a escalada da violência contra mulheres no Piauí. Fábio, que estava atuando como mesário na partida, não tirava os olhos da jovem durante o evento. Após cumprimentá-la e se afastar, retornou minutos depois, perseguiu a ex-companheira e cometeu o feminicídio diante de amigos da vítima.

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De acordo com os depoimentos colhidos pela Polícia Civil, após o jogo, Fábio interagiu brevemente com o grupo de amigos de Sarah e aparentava comportamento calmo. No entanto, ao perceber que a ex-companheira não cedia às suas tentativas de reaproximação, passou a demonstrar comportamento obsessivo.

Momentos antes do assassinato, a jovem foi abordada por Fábio próximo ao banheiro do estabelecimento, onde ele tentou forçá-la a um abraço e a um beijo. Ela resistiu e, segundo testemunhas, afirmou que no máximo poderia haver um gesto cordial, “por respeito às famílias”. Quando uma amiga se aproximou para intervir, ele pediu que ela virasse de costas. Sarah implorou para que não o fizesse. Fábio sacou a arma e tentou atirar duas vezes, mas a arma falhou. Instantes depois, ele efetuou o disparo fatal pelas costas da adolescente.

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A bala atravessou o tórax de Sarah e ainda atingiu a perna de um dos amigos do grupo. A jovem morreu no local. O rapaz ferido foi socorrido e sobreviveu.

Logo após o crime, Fábio foi desarmado por populares e quase linchado, mas conseguiu fugir. Ao chegar em casa, confessou à família que havia “feito uma besteira” e tentou tirar a própria vida por enforcamento. Foi encontrado inconsciente e levado ao Hospital Natan Portella, em Teresina, onde permanece internado em estado grave, com 50% do cérebro comprometido. Sua prisão preventiva já foi decretada pela Justiça.

A arma usada no feminicídio pertencia ao irmão do autor, um sargento da Polícia Militar do Piauí. Segundo o delegado Odilo Sena, Fábio subtraiu o revólver sem autorização durante uma reunião familiar e saiu armado, já com o objetivo de confrontar Sarah.

O inquérito policial foi conduzido pelo delegado Paulo Roberto, que confirmou o indiciamento de Fábio Rodrigues Braga pelos crimes de feminicídio e lesão corporal grave. O caso já foi encaminhado ao Ministério Público, que deve oferecer denúncia à Justiça.

A motivação principal, conforme apurado, teria sido a recusa de Sarah em retomar o relacionamento com o agressor. A jovem havia encerrado o vínculo afetivo com Fábio, que não aceitava o término e insistia em reaproximações.

A socióloga Marcela Castro, pesquisadora da área de violência contra a mulher e integrante da Rede de Observatórios da Segurança Pública, analisou o caso como um reflexo direto do machismo estrutural e da cultura de posse que alimentam o feminicídio íntimo no Brasil.

“Esse crime demonstra o quanto as mulheres estão vulneráveis, mesmo em ambientes públicos, e como a violência é justificada por uma lógica perversa que naturaliza a dominação masculina. É uma expressão clara da masculinidade tóxica, em que o agressor não aceita o fim da relação e se julga no direito de tirar a vida da mulher”, afirmou a especialista.

Ela também destacou a dificuldade enfrentada por muitas vítimas para romper o ciclo de violência, frequentemente marcado por silenciamento, medo, dependência emocional e econômica. “O feminicídio raramente é um ato isolado. Quando ele acontece, é porque outras formas de agressão já estavam presentes na vida da mulher”, completou.

Foto: Reprodução 

Piauí registra aumento alarmante de feminicídios

Dados do Mapa da Segurança Pública 2025, divulgado pelo Ministério da Justiça, revelam que o Piauí registrou o maior aumento proporcional de feminicídios no Brasil entre 2023 e 2024. O crescimento foi de 42,86%, saltando de 28 casos em 2023 para 40 casos em 2024.

A capital, Teresina, aparece como a quarta cidade com maior número de feminicídios entre as capitais brasileiras, com 12 casos registrados somente neste ano, ficando atrás de Rio de Janeiro (51), São Paulo (51) e Manaus (16).

Como denunciar violência contra a mulher

Casos como o de Sarah Denise reforçam a necessidade urgente de políticas públicas eficazes de prevenção à violência de gênero e de fortalecimento das redes de apoio às vítimas. A denúncia é fundamental para interromper o ciclo de agressões e salvar vidas.

Se você ou alguém que conhece está sofrendo violência doméstica, busque ajuda e denuncie:

📞 Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher
📱 WhatsApp: 0800-000-1673
📲 App Júlia – Solicitação online de medida protetiva


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